quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nossas escolhas nossas renúncias!


                                                 

COMPORTAMENTO DE UMA RELAÇÃO A DOIS


 


Nossas escolhas são renúncias. Os casais refletem uma escolha, um pacto e um segredo. É no conhecimento desse pacto e na revelação deste segredo que existe a possibilidade das boas escolhas e na modificação ou rompimento com as escolhas negativas. O conhecimento de si e do outro de da através da coragem da comunicação. A escolha é o fruto de nossas vivencias passadas. Quando livre de tais conflitos é adequada. A liberdade é irmã gêmea do conhecimento.

É o mundo afetivo que determina a direção dos nossos sentidos: o motivo de duas pessoas se escolherem entre milhares que habita no planeta. O motivo é inconsciente. Nosso conhecimento imediato chega apenas ao nível de detectar características que atraem afinidades, diferenças. Chega-se ao motivo real do mundo e o olhar é desviado para o nosso interior.

Cada um traz dentro de si modelos a serem imitados, corrigidos ou contrariados. Cada um quando criança viveu como parte integrante de uma família e espectador da relação afetiva de um casal. Na época, viveu suas primeiras experiências de amor, rejeição, agressão, segurança, proteção. Olhou admirando ou rejeitando a relação de um casal que se amava ou se agredia. Esta criança continua dentro de cada adulto, interferindo nas escolhas, fazendo pactos aparentemente adultos para encobrir segredos infantis. Os compromissos com o passado são os fantasmas que habitam a relação do presente. Fazem parte do passado. Quando a escolha esta apoiada no tripé: prazer, amor e admiração, a relação é segura é adulta.

No dia a dia vemos o carrasco escolher a vitima, o santo escolher o pecado, o magnânimo escolher o viciado ou delinquente, os mendigos se escolherem, o ditador escolher o submisso. São escolhas com  objetivo secreto de retratação do passado. Como, se corrigindo no presente o parceiro errado, estivesse passando a sua vida a limpo. Na verdade, não passa de alguém impotente e infeliz tentando salvar a própria relação.

Estas pessoas brigam, reclamam e permanecem. Escolhem-se exatamente pelo aprisionamento do passado. Pensem que não conseguem liberta-se dos “fantasmas” do passado.

Na estruturação do nosso mundo afetivo existe também aquilo que não foi vivido e, portanto, idealizado. Muito sofrimento traz a relação mantida pela escolha do ideal. Trata-se de uma fuga radical aos modelos vividos. Aprende-se como não deve ser e busca-se com alto padrão de exigência a perfeição do outro. Tudo tem que ser muito. A frustação também é muita.

Escolhas existem onde se evidencia a dificuldade do prazer. A impossibilidade de dar; a impossibilidade de receber; trocar coisas boas. O prazer resume-se a dever cumprido. A dor é superfaturada- o aplauso é apenas para a tragédia. Existe muito lucro nisso... A felicidade é exacerbada como suposta base da infelicidade humana como suposta base da dignidade humana. O sofrimento dignifica! Os parceiros se escolhem como algozes. Um realiza o desejo do outro- sofre para livrar-se da culpa do prazer. São pessoas que tem pacto secreto de sofrimento com o seus passados. Serem felizes seria traírem entre si.

Há também a escolha do erro, do pecado. A presença constante é do sentimento de vergonha. As pessoas justificam, negam, mas exibem o erro do parceiro como forma de exibir sua própria conduta imaculada. São bondosas! Justiceiras e bondosas!

A escolha certa requer ousadia. Coragem nas descobertas dos próprios desejos no encontro com alguém que também se permita nadar em mar aberto. Deve se ter consciência daquilo que foi ensinado e do que se aprendeu sozinho ou a dois na relação.

Quando a comunicação existe de fato, revelando as verdades de ambos, o pacto se torna mais comprometido com quantidade, qualidade e tempo certo. O segredo desvenda o passado volta ao seu devido ao seu devido lugar e o pacto se atualiza. A realidade presente do casal se impõe como sendo particular a ele.

A razão da escolha é um mergulho no oceano inconsciente dos afetos. Pode  até faltar respiração, mas chegando no fundo se aprende a nadar. Indispensável são os olhos abertos. Encontrando-se as ostras, descobrem-se as pérolas-são razões do coração....




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